Sagrada Família

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sábado, 11 de fevereiro de 2012

JESUS E OS MARGINALIZADOS

Mc 1, 40-45 (6ª Domingo do Tempo Comum – Ano B)



PASCOA DE CRISTO NA PASCOA DA GENTE, PASCOA DA GENTE NA PASCOA DE CRISTO!


“Estendeu a mão, tocou nele, e disse: ‘Eu quero, fica curado!’”.

Queridos irmão e irmãs, hoje a Sagrada liturgia nos fala sobre a marginalização e as atitudes que devemos ter diante dos excluídos de nossa sociedade.

Nossas mediocridades se arrastam por séculos de geração em geração, como podemos observar na primeira leitura, e mesmo assim, preferimos fechar nossos olhos para esta situação tão repugnante; e porque não dizer, tão indecorosa.

Jesus vem nos trazer hoje um novo rumo, uma nova atitude para esta situação tão lamentável; atitude esta que deve ser tomada por todos nós cristãos que temos o Messias como modelo, mestre e único Salvador.

Tiago em seu capítulo dois, versículo do um ao cinco nos exorta a ficarmos atentos em nossas ações para não nos tornarmos juízes com raciocínios perversos, pois o Senhor não admite e nem nós devemos admitir a acepção de pessoas.

No passado os leprosos eram drasticamente excluídos do convívio social, deveriam gritar ao vento sua desgraça, sua vergonha, para que outros indivíduos não se aproximassem deles, e assim, não ficassem contaminados; deviam andar com farrapos e cabelos desordenados de modo que todos pudessem reconhecê-los, como impuros, a metros de distância.

Rompendo este paradigma da exclusão e quebrando todo e qualquer preconceito, pois outrora nos lembrou que o que torna o homem impuro é o que sai de sua boca e não o que entra, Cristo estende sua mão para acolher com amor e piedade aquele pobre excluído, cruelmente marginalizado da sociedade, livrando-o, assim, daquela humilhante escravidão.

Segundo a lei, o simples contato com um leproso o tornava igualmente impuro, devendo ficar fora do convívio social, em lugares desertos e isolados.

Depositando toda a sua esperança em Jesus, aquele homem joga-se aos pés do Filho de Deus reconhecendo que somente Ele tem o verdadeiro poder da cura, “se quiseres, podes curar-me”, e tocando-o, ressuscita-o da morte em que vivia.

Que testemunho! Verdadeiramente é um tapa em nossa cara; será que nós cristãos que professamos nossa fé no ressuscitado somos capazes de nos entregarmos, de sinceramente nos jogar aos pés de Cristo, entregando a Ele nossas dores e dificuldades? Será que confiamos no Senhor, assim como aquele homem que teve a coragem de romper todas as normas e barreiras por acreditar sem ressalvas no único Redentor e Salvador da humanidade?

“Eu vim para que todos tenham vida” diz o Senhor, “e tenham em abundancia”, e isso se confirma na não excitação de Jesus em tocar aquele intocável, dito como impuro, e libertá-los daquele mal, porém, Cristo pagou as consequências de suas ações, foi Ele próprio excluído do convívio social daquele lugar, indo habitar junto aos banidos e marginalizados, pois como vimos anteriormente, quem tocasse em um impuro, igualmente impuro ficaria, segundo a lei.

É triste ver que hoje, em pleno século 21, essa banalização continua descaradamente acontecendo em nosso meio, denominado “bullying”; muitos ainda são discriminados de nossa sociedade por não terem nada a oferecer, a não ser sua própria vida, como os pobres, órfão, a viúva e o estrangeiro, que, na época de Jesus eram tristemente excluídos do convívio social por não terem nenhuma posição reconhecida na sociedade.

Esta divisão social faz com que o marginalizado fique cada vez mais excluído de nossos olhares, eliminando-os até mesmo geograficamente de nosso meio; basta olharmos para os extremos de nossa grande São Paulo, basta olharmos para o bairro dos Jardins e o extremo da zona leste ou até mesmo olhar nossos lares e as tantas favelas espalhadas por nossa redondeza.

Será que somos capazes, assim como Jesus, de romper regras e ideologias pela verdade do evangelho; ou simplesmente não deixar a opinião pública a nosso respeito prevalecer diante de nossa fé?

Que as palavras do santo evangelho suscite em nossa vida a seguir os passos do Messias, que não marginaliza, nem discrimina ninguém; que nós cristãos, seguindo o exemplo de Cristo, sejamos verdadeiras testemunhas deste amor, pois “onde há amor e a caridade, Deus ai está!”.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!