Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna. ... Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome (Jo 6,27.35)!
O que devemos fazer Senhor para
realizar as obras de Deus Pai?
Talvez esta pergunta feita a
Jesus há dois mil anos esteja presente ainda hoje em nossos corações e continue
sendo a mesma pergunta que não cessamos de fazer ao Filho da Virgem Maria.
Assim como naquele tempo, podemos
ver que hoje o povo está sim buscando Deus a cada de suas vida, o versículo
vinte e quatro do Evangelho nos dirá que a multidão foi ao encontro de Jesus e
enfrentaram numerosos desafios e grandes esforços para se encontrarem com o
Senhor.
Também hoje o povo se esforça
para se encontrar com o Senhor ressuscitado; podemos, sim, ver uma grande
multidão, mesmo que desorientada por falsos pastores[1],
buscando esse pão que sacia toda fome.
Creio que a grande pergunta que
devemos fazer seja: o que essas pessoas buscam de fato? E o que elas veem em
Jesus?
Não vejo problema algum buscar em
Cristo à cura de enfermidades, a estabilidade financeira e uma vida digna e sem
sofrimentos, não vejo problema nenhum buscarmos coisas materiais por
intercessão de Jesus, o grande problema é quando não enxergamos, Nele, nada
além disso, nada além da vida material, pois como Ele mesmo disse: buscai primeiro as coisas do alto[2].
E quando isso acontece, de
enxergar em Cristo apenas o pão que sacia a fome corporal, vemos as pessoas
procurarem aquelas igrejas que “oferecem” maiores benefícios e que não exigem
de nós muitos sacrifícios.
Podemos ver na primeira leitura
os Israelitas se desgastarem com a dura caminhada no deserto justamente por não
compreenderem a proposta libertadora de Deus.
E quando não entendemos aquilo
que Senhor realmente quer e nos pede, murmuramos e colocamos em dúvida os
planos Deus, impossibilitando, assim, enxergarmos novos horizontes
proporcionados por nosso Pai que está céus. Os Israelitas caminhavam para uma
terra prometida, que como diz a própria escritura, era uma terra onde corria leite e mel[3],
mas a dureza de seus corações os fecharam para essa esperançosa promessa de
Deus, colocando em duvida a palavra e a presença do Senhor ao nosso lado.
Queridos irmãos, fechar-se para o
Senhor é a maior desgraça que pode ocorrer na vida do homem, portanto, ao invés
de reclamarmos da vida e daquilo que nos acontece no dia-a-dia, vamos tentar
ter olhos de águia, olhar a frente, olhar o amanhã, olhar o futuro, vamos
tentar compreender o que o Senhor quer nos mostrar e nos ensinar com aquela
situação em que estamos passando, vamos tentar olhar com os olhos de Deus, com
o olhar de Pai, de mãe que quer seus filhos felizes e unidos no amor e na
fraternidade. Toda a ação de Jesus sempre visou a nossa salvação e não o nosso
aniquilamento, nossa destruição.
Tenhamos a certeza de que assim
como Deus providenciou o alimento para o povo continuar a sua caminhada no
deserto rumo à libertação, Ele não nos abandonará jamais e, hoje, nós com o
verdadeiro pão descido do céu (Eucaristia), Deus continua a nos alimentar e a
nos dar forças em nossa difícil caminhada nesta terra de santa cruz.
O maná que por muito tempo saciou
o povo de Deus não é embora tenha a sua importância, o verdadeiro pão que nos
salva; ele não é o pão da vida eterna, mas, sim, um alimento passageiro, um alimento
para um único dia.
Ir ao encontro de Jesus e
manter-se em comunhão com Ele, é encontrar em Deus a vida e a paz que
precisamos, é encontrar nosso verdadeiro repouso e nossa verdadeira alegria.
Tomemos cuidado, meus amigos,
pois Jesus hoje quer nos alerta que a incredulidade e o apego a tradições que
não nos dá abertura para a novidade da boa nova, nos fecha a esse encontro
amoroso com o Senhor, impossibilitando o acolhimento do amor e da nossa
transformação interior para as obras do Pai.
O crer em Jesus é transformar-se
em homem novo, é renovar-se continuamente na verdadeira justiça e santidade,
como nos recorda São Paulo na segunda leitura.
Crer naquele que o Pai enviou é
ter como única e autêntica referencia o Senhor Ressuscitado, renovando em nossa
alma os sentimentos do amor e da caridade para que nos unamos ainda mais as obras
de Deus em favor do próximo.
A proposta de Jesus, hoje, a cada
um de nós é que busquemos permanentemente o alimento imperecível, aquele
alimento que definitivamente não se acaba; e Ele nos mostra que partilhando o
que temos, damos testemunho do maior sinal que Cristo nos ensinou: o amor[4]. Pois o verdadeiro amor, não está nas
palavras, mas nos gestos e na verdade![5],
como nos dirá são João em sua primeira carta.
E quando aprendemos a amar de
verdade assumimos para nós o projeto de Deus, de fazer deste mundo um mundo
melhor, um mundo sem pobres e sem marginalizados, ou seja, um mundo sem dor, sem
tristezas e sem desigualdade.
E digo com toda a certeza que o
maior privilégio daquele que ama é ajudar a pessoa amada; basta olharmos para a
cruz e veremos o que realmente é amar, e se realmente amamos a Deus, ajudemo-o,
assim, como Jesus, a fazer deste mundo, um mundo de amor, um mundo de paz e um
mundo muito mais humano.
Meus queridos amigos, peçamos juntos com muito amor em
um só coro, o que os Israelitas outrora pediram a Jesus: SENHOR, DÁ-NOS SEMPRE DESSE PÃO![6]
Louvado seja o Nosso Senhor Jesus Cristo!
Por Hilton José Araujo
[1] Mt 7,15
[2] Mt 5,33
[3] Ex 3,8
[4] Jo 13,34
[5] 1Jo 3,18
[6] Jo 6,34