Caríssimos
irmãos, já estamos no 3º domingo do advento, tempo propício para prepararmos o
caminho de nossa consciência para o Senhor que veio e que vem a cada momento ao
nosso encontro. Advento é tempo de ir ao encontro do Senhor que vem como
Salvador, que pede e deseja ardentemente o nosso retorno a Ele.
Assim como aquele povo que perguntava ao grande profeta João,
perguntamos, igualmente, hoje: “O que
devemos fazer para se encontrar com o Senhor e, sobretudo para obter a vida
eterna na Jerusalém Celeste?”.
Aquela multidão repleta de pecados, sedentas a beber do manancial da
salvação, buscavam confiantes o Senhor da messe no profundo desejo de se
converterem e de construírem uma nova história e uma nova sociedade.
Essa conversão, meus amigos, deve mudar radicalmente nossa vida, onde o
egoísmo e o individualismo devem necessariamente ceder lugar ao respeito, à
dignidade e a solidariedade, pois os bens da criação são para todos e não
apenas a uma minoria.
Digo a vocês que é uma falsa conversão àquela que não me aproxima do meu
próximo; é uma falsa conversão aquela que não muda o meu modo agir, aquela que
não transforma o meu ser e não me faz viver de acordo com os valores
evangélico.
Vivemos uma época de completa banalização do Sagrado, de completa
banalização da vida e do amor fraterno.
Nossas crianças e jovens estão sendo educadas de forma trivial, de modo
que torna-as inabilitadas à interpretações e críticas de mundo; com isso,
aqueles que possuem o poder manipulam maquiavelicamente a população. Basta
olhar nosso atual sistema de ensino, onde jovens estão encerrando seu ciclo
básico escolar não sabendo diferenciar o “mais do mas”, escrevendo “ensino com
‘c’” e tantas outras barbaridades que nos deixam espantados.
Um grande pensador Francês dizia que para o poder não é interessante
cidadão pensante e questionador, ou seja, para quem quer estar no poder, o
interessante é ter uma
comunidade ignorante, de preferência quanto mais burra e conformada
melhor, pois se torna mais fácil de dominar e governar.
E quando não entendemos o que o outro fala ou aquilo que está escrito,
somos facilmente manipulados por doutrinas não cristãs e, assim, procuramos em
Deus prosperidade, milagres e tudo aquilo que é efêmero, tudo aquilo que é
passageiro em nossa vida.
Mas tenhamos confiança, pois fomos batizados não apenas na água, mas na
água e no Espírito e, com isso, nos tornamos os filhos queridos de Deus.
Por isso, devemos, assim como João Batista, anunciar com todo o fervor a
Boa Nova e alegrar-se no Senhor, pois Javé é o Deus da paz e do amor, como nos
lembra a primeira leitura de hoje; por isso, Ele perdoa todos os nossos pecados
e afasta de nós, seus filhos, todo o mal; e esse afastar não é um afastar
material, como muitas vezes queremos, mas é um afastar transcendente, é um
afastar o mal de nossa alma e de nosso coração, para que possamos estar
purificados na presença do Pai.
Nosso maior inimigo não é aquele que fere nosso corpo, mas aquele que
fere nossa alma; e é esse inimigo que o Senhor afasta de nossa vida, e afasta
porque Ele, por amor, quis ficar em nosso meio; e é por isso que o profeta
Isaias exulta cantando alegremente, porque é grande em nosso meio o Deus Santo
de Israel; devemos, como ele, cantar alegremente que o Senhor é a nossa força e
salvação, que confiamos Nele e, por isso, nada tememos.
E essa alegria, meus irmãos, não é uma alegria camuflada, não é uma
alegria fantasiosa, mas é uma realidade profunda que procede do estar bem com o
Pai.
“Não Temas”, dizia
constantemente nosso querido beato João Paulo II; e, de fato, não devemos
temer, pois o Senhor nos liberta de todo o mal e está em constante comunhão
conosco; e como dizia Madre Teresa de Calcutá, “esta comunhão é estar no céu com o Senhor hoje, aqui e agora”.
E é com essa certeza de que o céu está presente hoje, aqui e agora que o
apóstolo Paulo nos exorta a alegrar-nos no Senhor; pois a alegria, como dizia,
ainda, Madre Teresa, “é uma rede de amor
(...), e um coração contente é o resultado normal de um coração que arde de amor”.
Portanto, nossa alegria não deve ceder jamais espaço para a tristeza e a
solidão, pois vivemos, assim como os cristãos de Filipos, na certeza de que o
Senhor está próximo a nós, e é por estar a todo o momento não apenas próximo,
mas, de fato, por Ele estar em nós é que somos capazes de viver e sentir a paz
que vem de Deus; e é esta paz que emana de Deus que nos dá serenidade para
viver nesta terra de santa cruz.
O papa João Paulo I dizia que nós não somos chamados a compreender o
grande mistério da vida, mas a aceitá-lo; portanto, que neste advento tenhamos
a certeza de que Deus nunca nos abandona, pois o seu amor por nós é
imensurável.
Louvado
seja o nosso senhor Jesus Cristo!