At 2,14.22-33 ; Sl 15 ; 1Pd
1,17-21 ; Lc 24,13-35 (3º Domingo da Páscoa – 04/05/2014 – Ano A)
... pois se o tenho a meu
lado não vacilo (Sl 15,8) |
Caríssimos irmãos, no segundo
domingo da Páscoa celebramos a origem, a instituição definitiva da Comunidade
Cristã nascida do lado aberto de Jesus. Vimos ainda que Cristo se coloca e se
instaura como o centro, como o ponto referencial dessa Nova Comunidade nascida
na cruz e ressurreição de Jesus.
Ainda no domingo passado, Lucas
através dos Atos dos Apóstolos, nos ensinou como deve ser estruturada essa Nova
comunidade: no ensinamento apostólico, na
comunhão fraterna, na fração do pão e na oração. E vimos também o que
acontece com aqueles que decidem caminhar em dissonância, em desacordo com a
comunidade de Cristo.
E a liturgia de hoje é de certo
modo uma catequese prática do segundo domingo da Páscoa, digo prática porque
Lucas vai debruçar, vai mergulhar na caminhada, no itinerário daqueles que
estão desorientados e perdidos e inserir, assim, na vida deles o ideal cristão.
O primeiro fato importante que o
evangelho salienta é que ao decidirmos abandonar a comunidade se torna
inevitável tomarmos rumos contrários ao caminho que nos levam ao reino.
Os discípulos deixam claro estar
conscientes do anúncio das santas mulheres e também dos Apóstolos que se
dirigiram aquele túmulo vazio.
Vejamos que o Senhor pede às
mulheres que anuncie aos discípulos que se dirijam a Galiléia para lá se
encontrarem; e esses dois discípulos tomam a decisão de partirem não para onde
o Senhor os haviam instruído, mas sim, para o seu lado oposto. Galiléia esta
localizada de um lado e Emaús do outro; podemos dizer que Galiléia está a
direita e Emaús a esquerda de Jerusalém.
Ao abandonarem sua comunidade,
eles se põem a caminho e conversam entre si os fatos que haviam ocorrido com o
Senhor naqueles dias e, sem dúvida, discutiam a decepção com Aquele que se
dizia ser o Messias esperado.
Cumprindo com suas palavras: “onde dois ou três estiverem reunidos em meu
nome, ali estou no meio deles[1]”,
o Senhor se aproxima desses incrédulos discípulos e começa a caminhar com eles.
A tristeza daqueles homens era
tamanha que impossibilitou-os de reconhecer o Senhor; e é especificamente neste
momento que Jesus começa a recordá-los os sinais que devem estar sempre
presentes na vida do cristão e também na vida desta nova comunidade.
Mesmo sabendo tudo o que se
passava no coração daqueles homens, Jesus quer ouvi-los, quer que eles confiem-se
em Ti e, exprimam tudo aquilo que os sufocam, tudo aquilo que os afligem,
fazendo com que eles exerçam o primeiro ato desta nova vida, que é a oração.
Vejamos meus irmão como é simples
o ato de orar, orar nada mais é do que manifestar a Deus as nossas perspectivas
e necessidades, e as perspectivas daqueles discípulos era ter um grande rei, um
rei que lhes dessem (dar) uma vida mais confortável e prazerosa; e somente após
escutá-los é que Ele os fazem compreender os planos de Deus.
E para compreender esse plano
divino é necessário olhar para o passado com uma perspectiva do futuro e,
assim, o Senhor começa a ensiná-los as Escrituras. Aqui o
Senhor expõem a necessidade de se ‘redescobrir
o caminho da fé[2]’.
E esses discípulos caminham em
direção da escravidão do Egito. Se recordarmos o povo de Israel, antes de se
tornarem escravos dos egípcios, caminharam sem nenhuma coação ao encontro deste
grande império. E o que é que os israelitas queriam senão a vida confortável
que esses dois discípulos buscavam em Jesus. E assim o Senhor procura
conscientizar aqueles homens a não cometerem os mesmo erros do passado.
Ainda que não houvessem
reconhecido o Senhor, mas simplesmente pelo fato de escutarem a Boa Nova, eles
começam a mudar de vida e praticam, assim, o terceiro gesto evangélico, a comunhão
fraterna, ou seja, a caridade; eles colocam em prática as Sagradas
Escrituras e insistem ao Senhor que fique com eles, pois a noite já vem e as
trevas são perigosas.
E como sempre, o Senhor aceita o
generoso convite de estar próximo aos seus, alias, Ele mesmo expressou o desejo
de estar conosco, pedindo ao Pai que estejamos aonde Ele estiver[3].
Esta verdade de fé é tão segura
que Ele quis se fazer presente no ‘pão do
amor’, ‘pão da esperança e da alegria’. E é na fração deste pão que
reconhecemos o Messias Salvador, pois é Nele que somos um, assim como Ele é um no Pai[4].
Somente após essa experiência de
fé com o Cristo vivo e ressuscitado é que eles readquirem a alegria de viver,
retornando, assim, ao caminho missionário para testemunhar o amor do Pai.
E para anunciar esse Cristo que
professamos não é necessário grandes teorias teológicas, mas sim a nossa
experiência de fé; a nossa experiência de como reconhecemos esse Cristo em
nossa vida e em nossa caminhada.
Não é difícil, meus irmãos, ter
sempre presente em nossa vida essas quatro lições para se ter uma comunidade
fervorosa, basta recordarmos o passo-a-passo da Santa Missa, onde nos reunimos na
oração, no ensinamento apostólico, na comunhão fraterna e na fração do pão,
sempre ao redor do nosso único ponto referencial: Jesus Cristo.
Que a exemplo desses discípulos e
de Santo Expedito possamos dizer: ‘amanhã
não, minha conversão é hoje!’.
Louvado seja o nosso Senhor Jesus Cristo!