Sagrada Família

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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

ALEGRAI-VOS SEMPRE NO SENHOR

... a alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira
daqueles que se encontram com Jesus!
Caríssimos irmãos, a Sagrada Escritura neste dia nos convida à alegria, pois o Rei, que esperamos, já está em nosso meio e é com Ele que preparamos o Advento de seu Reino.

O Senhor nos mostrar que tudo aquilo que outrora fora anunciado pelos profetas já se faz presente em meio aos homens, por isso, glorifica Jerusalém, o mundo novo já chegou!

Mateus, portanto, indaga todas as pessoas e grupos a assumirem diante de Cristo novas posturas e atitudes que sejam condizentes com a vontade do Pai.

Podemos hoje separar o nosso evangelho em duas partes, na qual a primeira, Jesus afirma ser o Messias Salvador, Aquele que devia vir ao mundo; e na segunda parte, vemos a declaração de Jesus sobre João Batista.

Estando preso, João ouve falar das obras realizadas por Jesus e envia até Ele os seus discípulos com a missão de confirmar a sua messianidade do Nazareno, por isso que eles perguntam: És tu, aquele que há de vir, ou devemos esperar um outro?

João e todo o povo de Israel esperavam um messias que viesse lançar fogo a terra, um juiz severo que castigaria todos os pecadores e governasse com punho forte e braço de ferro.

Ao contrário do que todos esperavam, Jesus se aproxima do pecador, do pobre e do enfermo e, isso deixa o Batista e seus discípulos completamente desconcertados. Por isso é que João envia os seus discípulos até Jesus.

Quantas e quantas vezes também nós ficamos escandalizados quando vemos a “ovelha negra” da comunidade recebendo mais atenção do que aquela que todos os dias está com o seu tercinho diante do Santíssimo; quantas vezes nos escandalizamos quando a atenção é dada a um regresso da comunidade. Quantas vezes esquecemos das palavras de Jesus que diz: O Filho do Homem veio para salvar o que estava perdido. [...] o Pai que está no céu não quer que nenhum de seus filhos se percam[1].

Portanto a ação de Jesus é sempre de dar vida[2] aos que estão mortos no pecado e na dor. E este é o sinal messiânico anunciado pelo profeta Isaias: os surdos ouvirão[3], os cegos enxergarão[4], os coxos andarão[5] e os pobres ouvirão a Boa Nova[6]. Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo, pois estas são obras que comprovam que o grande dia já chegou.

Contrariamente a muitos de nós, Jesus não se incomoda com a pergunta de João, pois sabe que ele não é um pregador oportunista cuja mensagem segue a moda do momento, por isso, faz essa linda declaração sobre seu primo: João é mais do que um profeta, ele é o maior dos nascidos de mulher, ele é o precursor do Messias que há de vir ao mundo. É ele o Elias que devia vir ao mundo preparar o caminho do Senhor.

Quantas vezes, meus irmãos, também nós desanimados pelas dificuldades deste caminho nos perguntamos, será que este homem crucificado, a quem chamamos de Jesus, de fato é o Messias que devia vir ao mundo? Será que de fato este mundo é apenas uma passagem para uma vida melhor?

E todo vez que paramos e sentamos a beira do caminho devido à dor e o desânimo os falsos profetas se aproximam de nós vestidos com peles de ovelha[7], prometendo prosperidade, alegria e paz eterna. Meus filhos não se iludam com essas falsas promessas, pois o próprio Cristo diz: aquele que me segue terá tribulação, sofrimento e perseguição[8], mas Eis que estarei convosco todos os dias[9]!

Por isso Tiago dirige esta carta aos sofredores de sua comunidade, exortando-os a não perderem de vista os valores cristãos e a esperarem com paciência a vinda gloriosa do Senhor.

Ele afirma que os pobres sofrem e são explorados pelos filhos das trevas, mesmo assim, não devem se queixar pelo caminho, pelo contrário, devem confiar ainda mais na proteção e na misericórdia de Deus, pois quem confia no Senhor não entra nos esquemas injustos e violentos do opressor.

Nós, juntamente com nossa sociedade não somos os primeiros e nem seremos os últimos a sofrerem nesta terra de Santa Cruz.

Isaias nos lembra na primeira leitura toda a desilusão daquele povo exilado na babilônia e o desespero que tiveram por perderem tudo o que possuíam; eles perderam até mesmo a sua própria dignidade.

O profeta com esta carta busca reavivar a esperança e o ânimo dos exilados, pois ele tem a certeza que Deus vai intervir em seu favor; e de onde vem esta certeza? Ela vem da história de nossa salvação.

O autor começa por interpelar a natureza e a convidá-la a revestir-se de vida e vida em abundância; e ela manifestará a sua alegria pela intervenção Divina.

O deserto morto de vida se transformará gloriosamente para que os libertos do cativeiro passem por ele, assim como os hebreus passaram a pé enxuto pelo mar vermelho[10].

Por isso, Filhos de Deus, nada de desânimo, os sofredores devem unir-se à alegria da natureza, pois a ação de Deus em nosso meio é sempre excessiva, é sempre abundante: o mudo não apenas falará, mas cantará de alegria, o coxo não apenas andará, mas pulará de alegria! E, assim, este segundo êxodo será ainda mais grandioso do que o realizado em Moisés, pois agora é o próprio Cristo quem nos conduzirá à Terra Prometida.

Sabe por que o menor no Reino do Céu é maior do que João Batista? Porque este foi o precursor, o preparador da primeira vinda do Senhor, e nós que somos menores do que ele estamos responsáveis por anunciar as maravilhas do Evangelho e por preparar o coração dos nossos irmãos para a segunda e mais importante vinda de Jesus, onde Ele levará contigo todos os eleitos para a felicidade eterna.

Portanto, irmãos, não tenhamos medo deste mundo mudo, cego e surdo à alegria do Senhor, pelo contrário, façamos os surdos ouvirem a Palavra viva de Deus, façamos os cegos encontrarem em nós a luz de Cristo e os pobres a encontrarem a sua dignidade.

Que possamos junto ao salmista clamar: O Senhor abre os olhos aos cegos, o Senhor faz erguer-se o caído, o Senhor ama aquele que é justo, é o Senhor que protege o estrangeiro.


Louvado seja o Nosso Senhor Jesus Cristo!



[1] Mt 18,11.14
[2] Is 26,19
[3] Is 29,18
[4] Is 35,5
[5] Is 35,6
[6] Is 61,1
[7] Mt 7,15; 24,4-5
[8] Mt 24,9
[9] Mt 28,20
[10] Ex 14,22