Sagrada Família

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sexta-feira, 2 de maio de 2014

FICA CONOSCO SENHOR É TARDE E A NOITE JÁ VEM!

At 2,14.22-33 ; Sl 15 ; 1Pd 1,17-21 ; Lc 24,13-35 (3º Domingo da Páscoa – 04/05/2014 – Ano A) 

... pois se o tenho a meu lado não
vacilo (Sl 15,8)
Caríssimos irmãos, no segundo domingo da Páscoa celebramos a origem, a instituição definitiva da Comunidade Cristã nascida do lado aberto de Jesus. Vimos ainda que Cristo se coloca e se instaura como o centro, como o ponto referencial dessa Nova Comunidade nascida na cruz e ressurreição de Jesus.

Ainda no domingo passado, Lucas através dos Atos dos Apóstolos, nos ensinou como deve ser estruturada essa Nova comunidade: no ensinamento apostólico, na comunhão fraterna, na fração do pão e na oração. E vimos também o que acontece com aqueles que decidem caminhar em dissonância, em desacordo com a comunidade de Cristo.

E a liturgia de hoje é de certo modo uma catequese prática do segundo domingo da Páscoa, digo prática porque Lucas vai debruçar, vai mergulhar na caminhada, no itinerário daqueles que estão desorientados e perdidos e inserir, assim, na vida deles o ideal cristão.

O primeiro fato importante que o evangelho salienta é que ao decidirmos abandonar a comunidade se torna inevitável tomarmos rumos contrários ao caminho que nos levam ao reino.

Os discípulos deixam claro estar conscientes do anúncio das santas mulheres e também dos Apóstolos que se dirigiram aquele túmulo vazio.

Vejamos que o Senhor pede às mulheres que anuncie aos discípulos que se dirijam a Galiléia para lá se encontrarem; e esses dois discípulos tomam a decisão de partirem não para onde o Senhor os haviam instruído, mas sim, para o seu lado oposto. Galiléia esta localizada de um lado e Emaús do outro; podemos dizer que Galiléia está a direita e Emaús a esquerda de Jerusalém.

Ao abandonarem sua comunidade, eles se põem a caminho e conversam entre si os fatos que haviam ocorrido com o Senhor naqueles dias e, sem dúvida, discutiam a decepção com Aquele que se dizia ser o Messias esperado.

Cumprindo com suas palavras: “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou no meio deles[1]”, o Senhor se aproxima desses incrédulos discípulos e começa a caminhar com eles.

A tristeza daqueles homens era tamanha que impossibilitou-os de reconhecer o Senhor; e é especificamente neste momento que Jesus começa a recordá-los os sinais que devem estar sempre presentes na vida do cristão e também na vida desta nova comunidade.

Mesmo sabendo tudo o que se passava no coração daqueles homens, Jesus quer ouvi-los, quer que eles confiem-se em Ti e, exprimam tudo aquilo que os sufocam, tudo aquilo que os afligem, fazendo com que eles exerçam o primeiro ato desta nova vida, que é a oração.

Vejamos meus irmão como é simples o ato de orar, orar nada mais é do que manifestar a Deus as nossas perspectivas e necessidades, e as perspectivas daqueles discípulos era ter um grande rei, um rei que lhes dessem (dar) uma vida mais confortável e prazerosa; e somente após escutá-los é que Ele os fazem compreender os planos de Deus.

E para compreender esse plano divino é necessário olhar para o passado com uma perspectiva do futuro e, assim, o Senhor começa a ensiná-los as Escrituras. Aqui o Senhor expõem a necessidade de se ‘redescobrir o caminho da fé[2]’.

E esses discípulos caminham em direção da escravidão do Egito. Se recordarmos o povo de Israel, antes de se tornarem escravos dos egípcios, caminharam sem nenhuma coação ao encontro deste grande império. E o que é que os israelitas queriam senão a vida confortável que esses dois discípulos buscavam em Jesus. E assim o Senhor procura conscientizar aqueles homens a não cometerem os mesmo erros do passado.

Ainda que não houvessem reconhecido o Senhor, mas simplesmente pelo fato de escutarem a Boa Nova, eles começam a mudar de vida e praticam, assim, o terceiro gesto evangélico, a comunhão fraterna, ou seja, a caridade; eles colocam em prática as Sagradas Escrituras e insistem ao Senhor que fique com eles, pois a noite já vem e as trevas são perigosas.

E como sempre, o Senhor aceita o generoso convite de estar próximo aos seus, alias, Ele mesmo expressou o desejo de estar conosco, pedindo ao Pai que estejamos aonde Ele estiver[3].

Esta verdade de fé é tão segura que Ele quis se fazer presente no ‘pão do amor’, ‘pão da esperança e da alegria’. E é na fração deste pão que reconhecemos o Messias Salvador, pois é Nele que somos um, assim como Ele é um no Pai[4].

Somente após essa experiência de fé com o Cristo vivo e ressuscitado é que eles readquirem a alegria de viver, retornando, assim, ao caminho missionário para testemunhar o amor do Pai.

E para anunciar esse Cristo que professamos não é necessário grandes teorias teológicas, mas sim a nossa experiência de fé; a nossa experiência de como reconhecemos esse Cristo em nossa vida e em nossa caminhada.

Não é difícil, meus irmãos, ter sempre presente em nossa vida essas quatro lições para se ter uma comunidade fervorosa, basta recordarmos o passo-a-passo da Santa Missa, onde nos reunimos na oração, no ensinamento apostólico, na comunhão fraterna e na fração do pão, sempre ao redor do nosso único ponto referencial: Jesus Cristo.

Que a exemplo desses discípulos e de Santo Expedito possamos dizer: ‘amanhã não, minha conversão é hoje!’.

Louvado seja o nosso Senhor Jesus Cristo!




[1] Mt, 18,20
[2] PF n. 2
[3] Jo 17,24
[4] Jo 17,21

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